
Sexta feira dia 26/03 às 14hs o servidor Alandeivid Panizzi estará apresentando sua monografia para conclusão do Curso de Pós Graduação Lato Sensu Educação Profissional e Tecnológica de Jovens e Adultos PROEJA.
Ela é intitulada “Relações de Gênero na Educação Profissional e Tecnológica do IF-SC Campus Chapecó:Um Estudo de Caso” e foi orientada pelo professor Adriano Larentes da Silva.
Embora aborde os conceitos de gênero em seu sentido maior, como uma construção de um modo de existir calcada nas esferas social, cultural, emocional, nesse trabalho o foco foram as mulheres que estudam no Campus. Como é ser mulher e técnica? Como é ser mulher na educação técnica?
Para tanto são coletadas e analisadas informações estatísticas sobre evasão e desenvolvimento escolar das estudantes (mulheres) de todos os cursos, comparando-se com as mesmas informações obtidas referente aos homens. Considerou-se brevemente o histórico da educação profissional no Brasil e no Campus. Parte gratificante do trabalho consiste na realização de entrevistas com amostra de alunas do Campus e com mulheres que abandonaram seus cursos, a entrevista focou sobre o que levou algumas mulheres a evadirem, e o que mantém outras no nosso campus.
Através do resgate estatístico compreendemos que os processos que produzem exclusão, também, das mulheres dizem respeito drasticamente ao seu não ingresso no IFSC Chapecó (elas constituem menos de 7% do total de alunos); a sua não permanência; e as dificuldades de acompanhar o desenvolvimentos escolar esperado. Em todos os três pontos a condição das mulheres se mostra mais grave que a observada entre os homens.
O conjunto dos resultados mostra particularidades de se vivenciar o “ser mulher” nos cursos do IFSC Chapecó, suas alegrias e também modos mais e menos sutis de se vivenciar a exclusão com mulheres e também outros grupos minoritários. Também mostra que, apesar de o atual paradigma de ciência e educação profissional por vezes seja apresentado como e “assexuado”, ele acaba reproduzindo um ponto de vista fundamentalmente masculino, com muitas repercussões nos estudantes de ambos os sexos.
Apresentamos algumas falas (os nomes das educandas foram alterados) que mostram com honestidade e simplicidade, hora a gratidão e o reconhecimento da função social da nossa escola, hora sentimentos contraditórios com propostas inclusivas de educação.
"Me sinto bem, orgulhosa, eu saí da roça sabe, pude estudar de graça aqui, eu não teria como pagar mesmo. E a Mecânica não é só braçal, não é só pra homens, tem a parte de projetos, programação, manutenção, organização, e gestão de qualidade."
Ângela
"(Nosso campus) É meio masculinizado, acho que a convivência com tantos homens, tão próximo, parece que pegamos o jeito deles."
Carla
As alternativas para trazermos, e manter-nos, mais as mulheres no IFSC Chapecó passam sempre por cultivar uma cultura de solidariedade radical. Jorge Bichuetti (2000) lembra que podemos pensar numa utopia a ser buscada através experimentos desterritorializantes, para se libertar a potência inventiva, o poder criativo, do novo, do insólido. Trata-se de desmontar modos de funcionar da repetição, do fechamento, da despotencialização, agenciando a produção de novas relações, de uma vida nova, modos de pensamento que fortaleçam a vida e a diversidade, o crescimento e a diferenciação.
Alandeivid E. Panizzi