
Vivemos, na era do conhecimento. Para alguns, haverá (ou já há) uma espécie de simbiose entre o saber e o capital. Mas todos parecem concordar que nunca houve tanta informação disponível a um ser humano . E mais: a coisa parece que só aumenta. Novas informações aparecem a cada segundo. Técnicas, conceitos, idéias, descobertas, correlações estatísticas... O que fazer com tudo isso? Tecnologia? Riqueza? Mais conhecimento? Bem estar social
A escola deve ampliar a bagagem de conhecimentos que os alunos já trazem. Sabemos que aqui na educação profissional devemos desenvolver competências, habilidades, atitudes visando a compreensão do mundo do trabalho. Acreditamos que competência tem a ver com a capacidade de resolver problemas reais, situações tais como elas aparecem na vida. Nem sempre damos conta de superar a educação tradicional, embora saibamos que a memória se livra do que não tem serventia por meio do esquecimento. E o que é que tem serventia? Duas coisas apenas. Primeiro, coisas que são úteis, conhecimentos-ferramentas, conhecimentos que nos ajudam a entender e a fazer as coisas. (Note, por favor, que a utilidade é variável. Para os esquimós, é conhecimento instrumental a arte de fazer iglus. Mas esse conhecimento é inútil para quem vive no deserto. Para eles, o instrumental é fazer tendas. Conhecimentos que são úteis para as crianças das praias de Alagoas são totalmente inúteis para as crianças que vivem nas montanhas de Minas. Daí o absurdo dos programas que ensinam as mesmas ferramentas, como os nossos!). A outra coisa que tem serventia são os prazeres. Prazeres não são ferramentas. Não tem uma função prática. Mas dão alegria. Dão sentido à vida. O corpo não se esquece dos prazeres. Educar, assim, tem a ver com as duas caixas que o corpo carrega: a caixa das ferramentas e a caixa dos brinquedos. Na caixa de ferramentas, estão os conhecimentos que são meios para viver. Na caixa de brinquedos, os conhecimentos que nos dão razões para viver.
Seria de se esperar, com isto, que com o desenvolvimento de novas tecnologias teríamos um modo de vida mais agradável e confortável para o homem. E, de fato, isto muitas vezes ocorre. Mas nem sempre é assim. Não é à toa, afinal, que grandes avanços científicos tenham ocorrido em períodos de guerra. A ciência serve a interesses, sejam eles quais forem. O próprio aquecimento global, hoje tão falado e temido, também nos indica que uma relação a princípio benéfica pode tornar-se bastante prejudicial.
Que escolhas podemos fazer a partir do que sabemos? Quais escolhas consideramos mais corretas? O que queremos, no fundo, é o bem estar, social e individual. Como podemos usar a tecnologia para este fim?
Diante deste cenário, perguntemo-nos sobre nosso fazer docente: temos dado conta de desenvolver em nossos alunos o espírito científico, a autonomia intelectual, a capacidade de análise e síntese?
Acredito que em cada curso do Campus (Eletromecânica, Mecânica e Eletroeletrônica) em seu Projeto Integrador e na Unidade Curricular de Ciência, Tecnologia e Sociedade se possa avançar neste sentido. Na semana de integração, podemos organizar atividades como a Gincana do conhecimento, onde na prática os alunos podem ser incentivados a produzir diferentes materiais (protótipo, texto, imagem, áudio, vídeo, animação, etc..) com a finalidade de explicar tecnologias e problematizar seu uso.
Vamos socializar o que já vem sendo feito?
Elsa Rambo
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